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27 de Dezembro

O Brasil é uma república federativa cheia de árvores e gente dizendo adeus Oswald de Andrade Era um mais um cinza domingo febril; Meu coração estava apertado de saudade; Lembrava-me de Oswald de Andrade Afirmando existir uma pátria cheia de árvores, E pessoas dizendo adeus. . . Era o Brasil. . . O domingo de chuva ácida era tão vil. . . Não me deixava encontrar o meu amor; A saudade fazia-me sentir muita dor, Era um domingo triste de uma imensa pátria, Esta, que está tão mal tratada é o Brasil. . . Na vitrola, escutava um antigo disco de vinil, Era domingo, e eu só pensava em minha amada. Ah! Como eu a amo! Como ela é desejada! Então lembrei que na pátria também havia felicidade, Mas que pátria é essa que sofre e ri? É o Brasil. E eu perguntava – O telefone, quem viu? Corria para atendê-lo. . . Eu estava agoniado Pois necessitava dizer o amor de um homem amado. Enfim consegui minha paz. Isto tudo ocorreu num domingo. Outrora triste, tornou-se alegre. E assim, foi mais um domingo

Amanhecer

O chão reflete o brilho do sol O sol penetra pela janela Como o amante que penetra em sua donzela Ilumina a sala escura e nebulosa Atingindo aos olhos de quem nela dorme. . . Depois de uma noite fria, O sol esquenta o corpo morto Que teve seu último prazer. A donzela ainda dorme em seu leito E um corpo descansa no chão, na lousa; Aquela noite, talvez tenha sido fatal Mas, quem resistiria àquela donzela sensual? E depois do prazer, veio o punhal. . . Cravado em seu coração. . . Em seu peito! O sangue escorre pelo chão da alcova E a donzela, cansada, deita-se para dormir Quando então, o sol começou a surgir.

Ruas

Esfumaçado ar no horizonte Gotas de suor caem pela fronte Caminhando pelos largos e ruas Estreitas, feias, belas e sujas. Vazias de gente...não me encontro Não encontro você... tão ocas Nomes de pessoas, Igrejas de santo Estou em diversas voltas. Desencontrado encontrei-a perdida Não sei por onde, mas estava ferido Quase me reconheci em você, E sabia que poderia renascer. Nessas ruas imponentes, velhas e largas Cansando, esgotado, quase inconsciente Entre postes, menores e carros Voltei a enxergar-me novamente.

Nada Sou

Um imenso desespero invade a alma Não encontro mais saídas claras Estou tão confuso.... Tonto e tolo... sobrevivendo de ilusões Mas não nego a atormentada existência Mesmo que ela insista em negar-me. Com lágrimas no rosto, angustio-me Como encontrar uma tangente? Prefiro a inércia. Imóvel não encontro atritos Nem arrisco o quê me resta. Sinto-me incapaz de mover-me. Imaginava um futuro diferente para este presente Uma outra realidade mais vitoriosa Ou talvez um fracasso menos forte... No futuro do pretérito Será que conseguiria ser? Ou novamente nada seria? Não tenho mais perspectiva. Não me sinto mais pertencente ao ser Sinto-me excluído de algo que sempre fui Não me encontro mais em mim... Só sei que nada mais sou Mas um dia fui.