Postagens

Mostrando postagens de junho, 2009

Boa Noite

Boa noite, Maria ! Eu vou-me embora, A lua nas janelas bate em cheio. Boa noite, Maria ! É tarde . . . é tarde . . . Não me apertes assim contra teu seio. Boa noite ! . . . E tu dizes: - Boa noite. Mas não digas assim por entre beijos . . . Mas não mo digas descobrindo o peito, Mar de amor onde vagam meus desejos. Julieta do céu ! Ouve . . . a calhandra Já rumoreja o canto da matina. Tu dizes que eu menti ? . . . pois foi mentira . . . . . . Quem cantou foi teu hálito, divina ! Se a estrela d’alva os derradeiros raios Derrama nos jardins do Capuleto, Eu direi, me esquecendo d’alvorada: “É noite ainda em teu cabelo preto . . .” É noite ainda ! Brilha na cambraia Desmanchado o roupão, a espádua nua – O globo de teu peito entre os arminhos Como entre as névoas se balouça a lua . . . É noite, pois ! Durmamos, Julieta ! Recende a alcova ao trescalar das flores. Fechemos sobre nós estas cortinas . . . São as asas do arcanjo dos amores. A frouxa luz da alabastrina lâmpada Lambe voluptuosa os

Inconstante

Não posso mais viver Nessa eterna divisão Transitando na constante tensão É preferível voltar a sofrer. Mas que desregrada pulsão! Por que me faz morrer E do prato nunca esquecer? Que saudades da solidão... Soluços...lágrimas contidas a beber Afogando o maldito coração Que ainda insiste em comandar. Mas chego a uma triste conclusão: - Mais vale a opção de escolher Do que se orgulhar de jamais amar.

A Cidade e o Tempo

Nos caminhos encontro em cada esquina um momento... A cidade fala silenciosamente pelas suas ruas barulhentas, Pelos seus prédios impassíveis, pelo tempo de seus anos... Nunca havia reparado nos traçados formosos e famosos Porém sempre refleti sobre momentos da evolução da cidade. Existe uma área em que podemos senti-la mais intensamente, Com mais angústia e esperança – a área central. É o locus da mudança, dos embates, do progresso... Do regresso, do retorno, das experiências e dos fracassos. Lá, eu sempre tive ilusões e confusões temporais... O contraste com o outrora bucolismo suburbano, Leva-me a expansão, ao progresso e à civilização. Tenho que confessar: - Não sei mais em que tempo estou! Num mesmo quarteirão, entrei no século XVI, Desci no século XIX, caminhei pelo início do século XX, E deparei-me no século XXI... enxergando séculos posteriores... Não compreendo essa saudade, essa melancolia de uma cidade que não conheci; E talvez nem conheça ainda seu cotidiano, seus habitante