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Mostrando postagens de maio, 2005

Delírios

Gotas de suor escorrem pela minha tez Febril, meu corpo descompassado treme Consciente, enquanto meu ímpio coração geme,  Minha mente finge devaneios de estupidez.   Sufocantes paredes de minha gélida alcova  Não me resta mais nada! Um gole de absinto!  Nostalgia e ansiedades, uma terra nova!  Não consigo mais esperar! Do sino, ouço o tilinto.   O incessante sibilo dos meus pulmões,  A falta de ar, a angústia, o desejo do fim  Não quero mais ouvir vozes e canções!  Minha amada donzela não me verá assim! Estou cego ou é delírio? É melhor repousar...  Não sei se conseguirei deixar de sofrer. Volto para o túmulo na certeza de ressuscitar.  Mesmo que ainda fantasio viver.

O Enforcado

Ainda ouço os sons do patíbulo A multidão agitava entreolhava-se Assistindo o espetáculo horrendo. Com a corda bem amarrada O carrasco estava a esperar. Sol inclemente, castiga impunemente A turba ansiosa e passiva sente Que a hora fatal está a chegar. Aos pés do cadafalso, a amada; Choro convulsivo, as carnes tremendo O altivo condenado, ainda se Não acreditasse, apresentava-se belo. O silêncio tomou o largo Os sinos iniciaram seu badalar A morte pairou sob a plebe amedrontada O sacerdote encomendou o corpo Com a túnica branca e a corda no pescoço O infeliz réu observou o firmamento E saltou para o escurecimento Caindo do seu bolso um esboço, Uma carta, admitindo-se morto Dias atrás, no casamento de sua amada, Quando matou aquele que a insultou no altar Comprando-a por seu virginal estado.